sábado, 28 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Avis, Peça de Ourivesaria, Herdade do Castelo, Bembelide, o ouro está na Lisboa

 
 
Peça de ourivesaria, datada da Idade do Bronze Médio, encontra-se na exposição permanente do Museu nacional de Arqueologia, sala “Tesouros da Arqueologia Portuguesa”.
Adquirida por J. L. Vasconcelos em 1913, ao achador, Estevão Marques, que a encontrou casualmente, no decurso dos trabalhos agrícolas na Herdade do Castelo, debaixo de um sobreiro.
“não apareceram ao pé nem cacos, nem ossos, nem pedras de sepultura, nem mais nada… que paguei a sessenta centavos cada grama; suateram-me vinte e três escudos (conta redonda). Adquiri-as em Avis em Abril de 1913, por intermédio do meu amigo L. Antonio Oaes. Comprei-os directamente ao achador” (J. L. Vasconcelos)
Este conjunto de três espirais não possuía qualquer contexto arqueológico, uma vez que não foi encontrado nenhum espólio associado. Poderá tratar-se de um pequeno tesouro.

Bom Dia Alentejo!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Arronches, Vila de Arronches, Brasão antigo das armas ele se destaca

 

Em termos de arquitectura civil, realce-se o edifício dos paços do concelho. Ao século XVI ele remonta no tempo. Sofreu alterações nos dois séculos seguintes.
A fachada possui ao centro o brasão da vila, que consta de um castelo com o escudo das quinas, onde se pode ler: "Estas são as armas desta nobre vila de Arronches". E assim amigos meus, Junta de Freguesia de Assunção, edilidade assim anuncia ao mundo.

Bom Dia Alentejo!

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Montoito, Topónimo de Montoito, terra do Redondo, a água baptismal que o homem renascia



Montoito, uma freguesia do Redondo.
Sobre o nome da Freguesia, durante um certo período, indistintamente Montoito ou por Vale Longo, nada de concreto, se sabe.
Todavia, a constituição da palavra Monte-outo, que derivara em Montouto e posteriormente em Montoito advirá possivelmente da existência de um número de oito montes alentejanos, cujo o trabalho e o incremento da actividade agrícola terão dado origem à criação de um agregado populacional.
Poderá ainda derivar da palavra outo, que significa palheiro, apresentando-se inicialmente como uma região forrageira.
É, no entanto, uma palavra formada, curiosamente, por oito letras, inferindo o algarismo oito a simbologia de “regeneração” – forma central entre o quadrado, respeitante à ordem terrestre, e o círculo, relacionado com a eternidade. Foi número emblemático que na mística cosmogónica medieval representava as “águas baptismais”.
Fonte: Dicionário Enciclopédico das Freguesias
 

Bom Dia Alentejo!
 

domingo, 22 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, a Chança, a Igreja Matriz, as terras de Alter do Chão com um abraço aberto

 
Um templo modificado por várias vezes. Só a torre sineira conserva a traça primitiva, típica do final do século XVI, com cunhais de cantaria rematados por pirâmides e cúpula afunilada, sobreposta por um catavento de ferro forjado.
Nas paredes exteriores da igreja, conservam-se ainda, embora deterioradas, algumas cruzes da Via Sacra, em azulejo do século XVII.
Na capela-mor estão quatro painéis, do século XVI, muito repintados e sem valor artístico. No corpo da igreja, encontra-se a sepultura de Manuel Pires Rebelo, capitão-mor da Vila, falecido em 1744.
Fonte: Luis Keil, Inventário Artistico de Portugal, 1943
 
Dicionário Enciclopédico das Freguesias também lá diz, “1872, o edifício derruiu por completo, vindo a ser restaurado em 1879. Durante esse espaço de tempo, serviu de igreja matriz a antiga e desaparecida capela do Mártir”.
 
Bom Dia Alentejo!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, a Barragem da Lameira, terra de Alter do Chão, Cunheira a Chança a Aldeia da Mata, a terra de azul ao mar

 
A herdade da Lameira uma herdade com mil hectares. Ela situada nas terras de Alter do Chão. Uns anos atrás, - este espaço a seguir vos dará conta -, nesta herdade da Lameira foi construída uma grande barragem. Como uma coisa nunca vem só, melhor dizendo tudo está relacionado com tudo, um hotel rural que o nome não me é permitido dizer, aqui nesta herdade Lameira assentou arraiais e, com uma oferta de lazer e turística muito boa, com a pura excelência da qualidade ele por aqui ficou, vos direi amigos meus do mundo, por esta Herdade da Lameira…


“A barragem da Lameira foi mandada construir pelo Senhor Dr. Jorge de Bastos no ano de 1961. O paredão foi construído em 28 dias e 28 noites, sem haver um dia de descanso.
Máquinas para a construção:
1 Camioneta com um depósito de água.
1 Tractor normal
1 Pé de carneiro
3 Motos Cecrepa
3 Catapiller
Havia quinze motoristas para se revezarem nas máquinas.
Já no ano de 1963 houve na Lameira tanques de arroz da água da Barragem.
O descarregador e outras obras que a barragem tem não entram no tempo dos 28 dias, assim como os muitos dias que levou a cobrir de cascalho a parte de dentro do paredão; essas pedras foram apanhadas das muitas que há espalhadas pela herdade, por mulheres da nossa terra e das povoações vizinhas.
Constou-se na altura, que foi avaliada em mil e quinhentos contos a construção da barragem, e que a comparticipação do Estado foi de mil e duzentos contos, mas a empreitada, incluindo as valas de rega, foram tomadas por novecentos contos.
Dos trezentos contos que restaram, chegou para mandar construir o açude na ribeira e os respectivos canos e ainda saiu deste dinheiro dez contos que o Senhor Jorge Bastos ofereceu ao Senhor Dr. Agostinho Marques Grácio para mandar construir o chafariz que está no Curral da Lameira, pertencendo hoje ao Senhor Francisco Caldeira Amieiro. No chafariz só se gastou seis contos.
Este chafariz fazia muito jeito aos trabalhadores do Senhor Dr. Jorge, foi a razão por que fez essa oferta".
Fonte: “A Nossa Terra, João Guerreiro da Purificação, Associação de Amizade e Terceira Idade, Aldeia da Mata, 2000


Bom Dia Alentejo!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Bom Alentejo, a terra de Alpalhão, uma Memória a paroquial em terra a sua

 
Fica esta Villa na provincia de Alemtejo, bispado, e comarca de Portalegre, he de El Rey nosso senhor; ahinda que tem algumas terras da comenda, como Montalvão; Niza; que se chamão terras do mestrado; e da comenda desta, que he da Ordem de Christo, he o seu comendador o Excelentissimo Duque de Lafõens: tem quatrocentos e vinte fogos, e mil e quatrocentas pessoas, sugeitas á huma so freguezia de Nossa Senhora da Graça, igreja aprezentada por El Rey na Meza da Conciencia por concurso, com vigario, que tem dous moyos de trigo, e meyo, vinte oito mil reis, cincoenta e dous almudes de vinho, e o pe de altar trinta mil reis: tem coadjuntor, com dous moyos de trigo, seis mil
reis, vinte e cinco almudes de vinho: thezoureyro, com hum moyo e quinze alqueires de trigo, tres arrobas de cera lavrada, cinco mil reis; oitó alqueires de azeyte: esta igreja tem seis altares, da Senhora da Graça que he o orago, da Senhora da Purificação, do Menino Deos, da Senhora do Rozario, da capela do Arcediago, e das Almas: tem quatro irmandades, a que chamão confrarias, a das Almas, a do Rosario, a das a das Chagas, e da Senhora da Purificação. Está esta Villa situada em hum campo, mais ahinda que plano, tem sua altura, donde se avista Montalvão distante duas legoas, Niza outras duas, Castelo Branco oito, Vila Velha quatro, e Arês duas, Castelo de Vide duas: o seu termo
tem por todas as partes meya legoa, muito fecundo de senteyo, feyjão e milho meudo, e algum trigo: há nella Mizericordia com provedor, e irmãos, e hospital, erecta pella devoção e doaçans dos devotos, que farão e fazem de renda regularmente cem mil reis, e cento e trinta mil reis: tem capitão mayor, dous capitaens da ordenança, hum de auxiliares, e hum sargento mor: fora da Villa tem hua ermida de S. Antonio, outra de S. Sebastiam, e do Calvario; e outra, meya legoa distante, de Nossa Senhora da Redonda imagem muito milagroza, e de grande veneração, não so para os desta Villa, mas tambem para as circumvizinhas, ahonde vem com muitas romarias de Veram, e os da
 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGuD-5ugFY07gXFN9AYF7b4Pnv31jPqQ7pTKBiwVGkyNVKiUlCmYtTEVjWMU1G-qmf3KoDIb8q_16myaxTeutvmo5A7wtyNoagf6ElHw6HRMbxY067sHqEBkBroCvxAgR7RNmb-D_sJ6J_/s400/Nova+imagem.bmp
nobreza com provizão de El Rey para fazeremos [sic] gastos à custa dos bens do concelho: dentro, tem duas ermidas, a de S. Pedro, e da Santa Caza da Mizericordia: tem dous juízes ordinarios, escrivam da camera, escrivão dos orphãos, escrivão do judicial e notas alcayde: a Mizericordia governa-se pello compromisso de Lisboa: tem esta Villa finalmente seu sinal de muralha, que he ao redor huma parede mais larga arruinada, e quazi posta no alicerce, e hum castelo no meyo com huma das quatro faces, arruinada pellos castelhanos em Mayo de mil e settecentos e quatro, este pello terremoto foi so o que padeceo nesta Villa perder huma pequena parte la do alto da mesma face offendida; que as outras tres se conservão inteiras. Dista de Portalegre quatro legoas, de Lisboa trinta e duas.
Ha mais huma ribeyra, que, por fazer ao rio Sor, lhe deu a sua origem; que he
junto a Aldea da Lagoa, termo de Portalegre3, ahonde de huns regatos se forma, e na distancia de duas legoas á esta Villa por cujo termo passa, faz seis moinhos, que moem nos annos bem regulados, de Outubro athe Mayo.
Pella pequenhez deste termo alcançarão os moradores desta Villa provizoens dos senhores reys passados para serem os pastos comuns, e poderem entrar com os seus gados no termo da Villa de Niza.
Ha mais outra ribejra ou riozinho chamado Figueyrô, de tão excelentes bordalos, que entrando hum homem desta villa, em huma igreja da cidade de Coimbra, a tempo, que se faziam exorcismos a hum energumeno (pessoa, que nunca veyo á esta terra, nem o conhecia) disse o Diabo = oh homem de Alpalham! bons bordalos de Figueyrô! oh oh!
=. E por não acabar com o Diabo, guarde Deos a quem me manda fazer este papel.
Alpalhão, de Abril 4 de 1758.
O vigario Fr. Manuel Alvarez da Sylva
Fonte: [ANTT, Memórias Paroquiais, Vol. 3, nº 16, pp. 141 a 144]



Bom Dia Alentejo!

domingo, 15 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Monte da Sempre Noiva, Arraiolos, Lenda da Sempre Noiva, menina o amado eterno que o esperando

 
Na zona de Arraiolos e diz a lenda, e dizem que foi verdade, porque nós sabemos que as lendas têm uma base verdade mas depois; enfim, será verdade ou ficção?
Mas a Sempre Noiva há uma parte que é verdade, que existe. A história da sempre noiva é assim:
(Arraiolos, conhece Arraoilos? Tem o castelo ao pé de Évora. Arraiolos é uma aldeia histórica lindíssima, à beira da estrada que vai para Espanha. Não sei se conhece Arraiolos, mas vale a pena ir porque aquilo é lindo. Arraoilos tem o convento da Nossa Senhora da Conceição. E é a aldeia dos tapetes de Arraiolos. Sabe que ali havia muitas lendas).
Nessa zona, há uma rapariga muito bonita que mora no campo e no monte, que existe ainda hoje entre Arraiolos e a estrada de Montemor. E esse monte chama-se Sempre Noiva. Hoje é o nome dele que vem da lenda.
Uma rapariga muito bonita morava aí nesse monte. Não sabia ler, não sabia escrever, vivia com os pais que estavam no campo. O pai guardava gado. E acontece que ela nunca saiu de lá.

Mas um dia um cavaleiro andou nas suas cavalgadas naquela zona e viu a rapariga e ficou apaixonado. De maneira que decidiu casar com ela e fala com os pais para casar. E os pais dizem:
- Impossível!
Porque ele era um cavaleiro nobre que vivia em Arraiolos, no castelo, e eles estavam no vale, naqueles montes baixinhos. E ele dizia:
- É, eu vou falar aos meus pais, eu vou casar com ela. Eu venho.
Marcaram a data, marcaram tudo e ele foi falar aos pais.
Evidentemente que a rapariga no dia do casamento que estava previsto, vestiu-se de noiva e ficou no monte à espera dele. Até hoje.
Nós dizemos que ele não voltou mais. E segundo a lenda, era os pais não queriam que ele casasse com aquela rapariga do campo, se calhar, filha de um porqueiro ou de um pastor. Enfim.
De maneira que ela ficou vestida de noiva toda a vida, até morrer naquele monte. Segundo a lenda, ela está enterrada lá e segundo a lenda, ela aparece lá.
Esse monte foi baptizado a Sempre Noiva, e todos os donos desse monte mantiveram o monte sempre caiadinho de branco. Não há outra cor em lado nenhum, nem amarelo, nem o azul dos montes. É branco em todo o lado porque cada pessoa que adquire aquilo via as aparições de Sempre Noiva. E a tal bela aparecia vestida de noiva e essas terras chamam-se ainda hoje A Sempre Noiva porque ela ficou vestida de noiva à espera do célebre cavaleiro que não voltou.
Ana Azevedo, A Literatura Oral na Comunidade Emigrante Portuguesa em Montreal, Faro, Universidade do Algarve, 2002 , p. 139


Bom Dia Alentejo!

Bom Dia Alentejo, a Aldeia da Mata, apodo habitantes de Aldeia da Mata, a Matenses lhe fica milho painço


Os habitantes de Aldeia da Mata são apodados de Painceiros.
Parece que há duas versões a respeito desta designação
- Uma, segundo uma velhota de setenta e tantos anos, filha de um antigo moleiro, o painço é a farinha de rolão do milho, e em aldeia da Mata, comia-se em épocas remotas, muitas papas feitas com esse painço.

Outra – a versão verídica é a do milho painço (milho miúdo, mais miúdo do que o vulgarmente conhecido, baixo de estatura, passe o termo), mas vegetando numa espécie de cana alta ou seja um arbusto parecido com o do milho miúdo, mais miúdo, donde se faz uma farinha grossa que dá umas papas feitas com leite, e dizem que são uma delícia.
Em conclusão:
os Matenses, aplicam pois, o apodo de Painceiros, porque, em tempos já distantes alimentavam-se de papas de milho.
Naturalmente era a sua iguaria preferível e talvez mais económica…
 
 
Bom Dia Alentejo!
 
 
 




sábado, 14 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Monte da Pedra, Topónimo de Monte da Pedra, a terra que se fez na pedra do Crato

 
Chama se a esta terra o Monte da Pedra pela notabelidade de duas pedras, que estão no seu lemite; huma chama se o Penedo Gordo, que está junto a esta terra na distancia de cento e cincoenta passos pouco mais ou menos, ahonde os moradores deste povo ajuntão no Verão todo o pão em palha, e ali o fabricam, e malhão com muito commodo, porque podem no mesmo tempo andar seis lavradores tratando separadamente cada hum do seu pam.
A outra pedra chama se a Lagem de Santo Estevão, a qual fica distante deste povo a seixta parte de huma legoa para a parte do sul; esta está em huma planice com alguñs cabeços pequenos de redor inclinado para o sul; porem he tão plano, que porqualquer parte se pode entrar, e sahir della; tem de comprimento cento e septenta passos pouco mais ou menos; e de largura tem noventa passos, pouco mais ou menos.
Para os seus naturais exagerarem a grandeza, e singularidade desta pedra, ou lagem, dizem, que se podem em hum mesmo tempo fazer em ella quatorze malhas. Chama se lhe a Lagem de Santo Estevão, porque está perto de hum cazarão, que era antigamente ermida de Santo Estevão, que se acha hoje colocado na igreja desta freguesia.

Foto: 9012235_4CLvB
Antigamente – estamos a falar da igreja matriz actual de Monte da Pedra - era esta igreja a do lugar do Sourinho, e o orago era Nossa Senhora com o titolo de Santa Maria; porem dezertarão os moradores aquelle lugar, que dista desta terra para o poente meya legoa, ahonde ahinda hoje existem os fundamentos dos edeficios, que estão em terra da sagrada relegião de Malta.
A razão, e motivo, que se dis, tiverão os moradores para dezempararem aquelle lugar, e povoaçam do Sourinho, forão humas fantasmas, que tão bem se diz ali apparecião, e intimidados dellas os moradores, forão obrigados a dezemparar aquelle lugar, e constetuir a freguezia em este Monte da Pedra, em huma ermida de Santiago, que aqui estava, e por isso ahinda hoje os moradores conservão a imagem de Santiago em o altar mor ao lado direito.
Neste lugar do Sourinho, se diz, moravão, e assistião muitos cavalleiros, que se chamavão os cavalleiros da Espora Dourada, os quais, por tradicão se diz, que se extinguirão, e morrerão na seguida, que fizerão a El Rey Dom Sebastiam para as guerras: porem como com os incendios se consumirão os livros,e papeis antigos, não ha hoje outra certeza mais que tão somente a tradição; e a pouca curiozidade faz muitas vezes ficar as coizas em esquecimento.
 
Foto: 9012238_bytMf
Fonte: ANTT, Memórias Paroquiais, vol. 24, nº 201, pp. 1507 a 116]

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Seda, Topónimo de Seda, as terras de Alter do Chão, uma vila se da

 
Hoje, numa biblioteca algures na zona e dando assim uma olhada na Memória Paroquial da freguesia de Seda, um texto e documento do Prior Frei Joze Martinz da Aprezentaçam, a 12 de Abril de 1758.
Foto: Blogue “cmicasdeseda.blogspot.com”
“Noticias que della se pedem, são as seguintes dadas pellos mesmos artigos da Comisão.
A primeiro – Chamase esta povoacão a Villa de Seda; o seu nome antiguo foi Arminho; e he tradicão antigua que estando o seu Castello tão bem chamado Arminho em poder dos Mouros; e combatendoo os nossos portuguezes com todo o valor, e defendendo-se os mouros com o mesmo, depois de grande porfia, o Capitão dos nossos lhe mandou dizer que se persistão na resistencia, e elle vencesse tudo passaria a espada; e tendo o que levou o recado negociado o fim pera que fora; subio ao muro, e disse em vox alta pera os de fora não he necessario combater, mais a fortaleza porque já se dâ; e desta palavra e pronunziando o a breve, e com brandura, he que teve origem o chamar se esta Villa Seda, e perder o antiguo nome de Arminho; e assim o testifica e refere o Doutor Antonio Gonsalves de Novaes na relacão que dadas couzas deste Bispado de Elvas o fim da constituicão delle…”.
Fonte: [ANTT, Memórias Paroquiais, vol. 34, nº 97, pp. 761 a 774]

Bom Dia Alentejo!

terça-feira, 10 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Benzas e Orações, Aldeia da Mata no Crato, memória que lhe é viva

 
Quebrante da Lua e de Gente e de Mal de Inveja – Primeiro acende-se uma candeia de azeite que deve estar pendurada, e tem-se na mão esquerda um prato de sopa meio de água. Depois faz-se o sinal da cruz em nós e outro sobre o prato. A seguir diz-se o nome da pessoa a benzer e esta frase: “eu te benzo do quebranto de Lua, de gente e de mal de inveja”. Depois faz-se o sinal da cruz sobre o prato e outro em nós e mete-se o dedo mínimo no azeite da candeia e deixa cair cinco pingos na água do prato afastados uns dos outros.
Tudo o que acabo de escrever faz-se três vezes seguidas sem que se tenha pousado o prato. Depois de fazermos o sinal da cruz em nós diz-se o nome da pessoa da pessoa a benzer e esta frase: “Como Jesus Cristo é iluminado, o quebranto do (diz-se o nome da pessoa a benzer) lhe seja tirado”. Cada uma das três benzas, é feita num prato com água. As pingas de azeite têm este pormenor: se a pinga ao cair na água ficar junta, o quebrante é pequeno, mas se a pinga alastrar ou desaparecer, é um grande quebranto. Neste caso, a benzedeira dizia que a pessoa com este quebranto estava atrevidíssima.

Benza para afastar o mal – Em louvor de Deus e do Santíssimo Sacramento do Altar eu (diz o seu nome) estou-me a preparar para chagas, invejas, bruxedos, encalhos, enguiços,  maus olhados de todas as pessoas que odeiam, eu as possa ir deitar, para nem galo nem galinha cantar, nem pai por Maria chamar, mas que Jesus em minha casa queira entrar para dar sorte, paz, saúde, trabalho e dinheiro me queira enviar, em louvor do Santíssimo Sacramento do altar.

Quebrante da Lua – Quando uma criança nasce e adoece, o povo diz que a Lua lhe deu quebranto, porque essa criança recebeu a luz da Lua. Para tirar esse quebranto, a mãe leva o menino ou a menina ao colo para a rua, numa noite de luar, implora três vezes olhando a Lua, o seguinte:
“Lua luar, aqui tens o meu menino (ou menina) acaba de o criar, eu sou mãe, tu és ama, tu o crias, e eu lhe dou a mama”. Esta benza faz-se três vezes seguida.

Benza do Corpo – Dói-te a cabeça, valha-te Santa Teresa / Dói-te o peito, valha-te São Pedro / Dói-te os braços, valha-te o Senhor dos Passos / Dói-te as mãos, valha-te São João / Como Jesus Cristo é alumiado / O mal do corpo te seja tirado. Em cada frase faz-se um sinal da cruz sobre o corpo doente.

Benza do Mau Olhado – Deus te fez, Deus te criou / Deus te tire o mal / De quem para ti olhou / Em Louvor de São Pedro e de São Paulo / Deus te tire esse mau olhado / Como Deus fez às ondas do mar sagrado / Te tire esse mau-olhado / Como deus nasceu em Belém / E foi crucificado em Jerusalém / Se vá o mal desta criatura / Se por acaso o tem.

Amaldiçoar – Primeiro faz-se e diz-se três vezes: Credo em cruz, valha-me o santo nome de Jesus. Eu me entrego a Jesus, e ao São Mateus, e aos anjinhos. Quem mal tiver para nos fazer, que se venha a arrepender, tenha pernas e não ande, tenha braços e não mande, tenha boca e não fale, tenha olhos e não veja e o senhor comigo esteja.
O pedido desta benza pode ser extensivo a mais pessoas, assim como se tem que fazer cruzes com a mão enquanto estiver a dizer a benza.

Quebrante de Gente – Uma to pôs, três te o hão-de tirar, são três pessoas da Santíssima Trindade. No fim faz-se o sinal da Cruz.

Benza para Fogás do Corpo – Santa Cecília tem três filhas, todas elas no fogo ardiam, Santa Cecília pediu a Nossa Senhora, como elas se apagariam: - Benze-as de hora a hora, três vezes ao dia com o esparto benzeis, com o azeite da candeia o apagarás. No fim reza-se ao Santíssimo Sacramento e à Virgem Maria.

Benza da Íngua – Eu te corte íngua, para que tu não me sigas, nem reverdeças. Há-de secar e mirrar, com que te leve o diabo. Esta benza diz-se três vezes com o pé em cima da cinza da lareira. Depois tira-se o pé e com as costas da faca corta-se a cinza em cruz no sítio do pé.
 

Benza para levantar Pragas – Nesta hora sagrada, peço a Deus que me levante todas as pragas, raivas, orgulhos e todos os males que me têm desejado, Deus me levante tudo sem haver qualquer obstáculo ou contratempo. No fim reza-se um Pai Nosso e uma Glória.

Benza da Blida ou do Terçolho ou do Farpão – Jesus Cristo nasceu, a Virgem concebeu Rainha da Verdade, eu te benzo olho da Blida, terçolho ou farpão. Toda esta inflamação há-de secar, há-de mirrar, ou há-de deixar a vista em paz em louvor de Santa Luzia. Esta benza faz-se três vezes seguidas. No fim rezam-se cinco Pai Nossos e cinco Avé Marias.

Para benzer o Côbro – Pega-se numa faca e num pau de figueira. Depois, com as costas da faca, fazem-se cruzes sobre o côbro enquanto se tem que dizer o que escrevo a seguir: Eu te corto côbro cabeça e rabo e corpo todo.

Depois faz-se três cortes com a faca no pau de figueira. A benza é o que acabo de escrever. Os cortes no pau de figueira fazem-se três vezes todos os dias. A seguir coloca-se o pau de canto na chaminé, depois conforme vai secando o pau vai secando o côbro. O côbro enquanto não estiver seco, tem-se que fazer a benza três vezes por dia, e todos os dias no fim das benzas reza-se três Pais Nossos e três Avé Marias.

Benza para afastar o Mau Olhado – Vai-te bruxa feiticeira que tão cruel e tão forte me temes a mim e aos meus, como Deus para a morte. Tu és ferro eu sou aço, tu és o Diabo e eu te enlaço. Quanto me desejares a mim, e aos meus, caia no teu regaço.

Limpeza Física – Ó sagrada erva para celsos, que por Deus foste adoptada, com o poder de dissolver todas as larvas que atraia, eu te peço que afastes de mim e da minha casa todas as más influências que possam ter sido produzidas por pragas, males de inveja, ódios, azares e traições de espíritos maus. Que o manto da luz divina cubra todos os meus inimigos, para que assim eles possam ver, quanto tem sido imposto para comigo, que todo o meu ser e bem assim a minha casa, seja transformada num verdadeiro templo, onde possam bem sentir os benéficos efeitos produzidos pela presença dos Anjos portadores da paz, luz e felicidade. Assim seja.
Fonte: Lia “A Nossa Terra, João Guerreiro da Purificação, Associação de Amizade e Terceira Idade, Aldeia da Mata, 2000
 
 
Bom Dia Alentejo!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, a Ribeira do Sor, a ria da vida, a Terra Alentejana no norte


Junto desta freguesia - estamos a falar da terra do Monte da Pedra no Crato - corre huma ribeira, que devide com o seu curso o lemite desta do lemite da freguezia da Comenda termo da villa de Belver deste Grão Priorado do Cratto servindo de metta a ambas as freguezias; esta ribeira chama se Sor; tem seu principio em o lemite de hum povo, que se chama Alagoa, que he do termo, e bispado da cidade de Portalegre.
Não principia caudalozo, nem corre todo o anno; porque ate esta freguezia não corre de Verão, porem desta freguezia para baixo corre todo o anno.

Foto: http://fotos.sapo.pt/odiana/fotos/?uid=z1zOsVijPVuqwJLdcfqr#grande
Entrão em esta ribeira outras mais pequenas, que de Inverno lhe communicão muita agoa; dos quais a primeira, que entra na ditta ribeira de Sor, se chama a ribeira do Caldeireiro, e outros lhe chamão a ribeira da Granja, a qual entra na mesma ribeira de Sor no sitio chamado o Aguilhão, que he do termo da villa de Gaffete deste mesmo Priorado.
A segunda ribeira, que entra na ditta ribeira de Sor, he a que chamão a ribeyra do Monte da Pedra, a qual entra na mesma ribeira de Sor no sitio chamado a Bica, he lemite desta freguezia.
A terceira ribeira que entra na mesma ribeira de Sor he a que se chama a ribeira dos Valles, a qual entra na ditta ribeira de Sor no sitio chamado o Sourinho, que he lemite desta freguezia; a quarta ribeira, que entra na mesma ribeira de Sor he a que se chama a ribeira de Sam Payo, outros lhe chamão a ribeira de Sipilheira, a qual entra na ditta ribeira de Sor no sitio chamado o Forneco, que tãobem he lemite desta freguezia.
Esta ribeira de Sor não he navegavel pelas muitas pedras, e safras que tem em todo este lemite nem embarcação alguma pode andar nesta ribeira em todo este lemite, posto que em alguñs tempos pela muita agoa que leva não dá passagem a niguem.
He de curso muito arrebatado em todo o lemite desta freguezia.
Esta ribeira chamada Sor corre do nascente para o poente; e todas as ribeiras declaradas no interrogatorio terceiro, que sam as que se metem na ribeira de Sor, correm do sul para o norte.
Em esta ribeira de Sor não se fazem pescarias, so sim se se [sic] fazem por divertimento; porem não tem tempo certo, mas o mais comum he de Verão por cauza das agoas serem de Inverno muito frias, e arrebatadas.
 
Nesta ribeira de Sor em todo este lemite, pesca livremente quem quer.
No limite desta freguezia do Monte da Pedra poucas margeñs desta ribeira de Sor se cultivam; porque he tão fragozo, que em poucas partes se descobre terra para esse effeito, porem se em alguma se descobre terra, e he capaz, cultiva se; e tem esta ribeira de Sor bastante arvoredo que dá fruto, como he = azinho, carvalho, e soro; e silvestre tem pouco.
Esta ribeira de Sor desde honde principia ate Curuche chama se Sor, e de Curuche ate Benevente chama se a ribeira de Curuche, outros chamam lhe Sorraya, e outros lhe darão diversos nomes, mas ao prezente so destes me consta.
Esta ribeira de Sor morre em o rio Tejo em a villa de Benevente.
Sendo esta ribeira de Sor no seu curso tão arrebatada, e principalmente em o lemite desta freguezia; se encontra em ella muita cachoeyra; porem a mayor he a de que se faz mensão no interrogatorio quinto da noticia desta terra, pelo que he impossivel fazer se navegavel, ahinda em tempo de abundancia de agoa.
Não consta que esta ribeira de Sor tenha mais que duas pontes, huma em a villa de Tholoza, e he de cantaria, e a outra em o lemite desta freguezia no sitio chamado o Sourinho, a qual está demolida, e so agora existem os dois arcos principais della, e eles testeficão a grandeza, e eminencia da ponte, a qual tãobem era de cantaria, porque os dois arcos que ahinda hoje existem, conservão os seus fexos ahinda direitos, e ahinda hoje, quando a ribeira leva muita agoa, passa gente por ella a pe enxuto.
Esta ribeira de Sor não tem no lemite deste Monte da Pedra mais que tão somente hum moinho. Não ha noticia alguma que nas aréas desta ribeira de Sor se tira se em algum tempo ouro, nem ha memoria de tal coiza, e muito menos ha noticia, que no prezente tempo se tire ouro em suas aréas.
A ribeira de Sor desde honde principia, que na aldeya da Alagoa, como ja se dice no primeiro interrogatorio, ate honde acaba que he na villa de Benevente, como ja se dice no interrogatorio decimo terceiro, tem tem [sic] de distancia vinte legoas \segundo se diz\ e os povos por honde passa sam os seguintes = principia em Alagoa, e passa por entre os termos das villas de Alpalhão, e Gaffete, e dahi vem passar junto da villa de Tholoza, e vem passar junto desta freguezia, corre junto do Monte do Sume; como se dice no interrogatorio quinto, da noticia desta terra, corre junto da Torre das Vargeñs, que he coutada do Marques de Fronteira, e vai correr junto da villa da Ponte de Sor, e dahi vai correndo ate chegar a Montrangil juncto [sic] de quem corre, e vai correr tãobem junto de Curuche, e finalmente passa á villa de Benevente ahonde, se diz, morre no rio Tejo.
Monte da Pedra de Oitubro seis de 1759.
O reyttor cura Frey Manoel Dias Laberão de Almeyda.
Fonte: ANTT, Memórias Paroquiais, vol. 24, nº 201, pp. 1507 a 116]


Bom Dia Alentejo!

domingo, 8 de junho de 2014

Bom Dia Alentejo, Évoramonte, Pelourinho de Évoramonte, um tronco a um longo sono eterno

 
"Pelourinho ou picota são colunas de pedra colocadas em lugar público da cidade ou vila onde eram torturados e expostos criminosos. Tinham também direito de pelourinho os grandes donatários, os bispos, os cabidos e os mosteiros, como prova e instrumento da jurisdição feudal."
Depois logo de seguida, “Os Pelourinhos eram símbolos da autonomia municipal, símbolo da liberdade dos seus habitantes expressa no seu Foro próprio. O Pelourinho actual de Vila Viçosa, dos séculos XV-XVI, não assistiu a quaisquer execuções (estavam reservadas para o vizinho "Outeiro da Forca"). Após o século XV os pelourinhos deixam de ser o local privilegiado para se cumprir a pena de morte”.
Deixando pois lá polémicas e seguindo lá em frente, Câmara Municipal de Estremoz informa Sito em frente dos antigos Paços do Concelho (Rua da Convenção).
Do  monumento subsiste unicamente o plinto paralelepípedo de mármore de cunhas simples. Observando a base onde a coluna assentava esta possui vestígios evidentes de quebra.
Estilisticamente apresenta sinais de ser peça do século XVI, data em que D. Manuel I [r. 1495-1521] concedeu os conhecidos Forais de Leitura Nova e em que profusamente por todo o país se levantaram Pelourinhos, como podemos ver em Estremoz, Vila Viçosa, Terena, entre outras.
Nesta zona existem vários Pelourinhos derrubados ou desaparecidos, veja-se o exemplo de Juromenha (derrubado) e Alandroal (subsiste apenas o plinto). […]
Desta peça poucos dados históricos se conseguiu obter.
Provavelmente terá sido quebrada no século XIX, após a instauração definitiva do Constitucionalismo neste Reino, actos que aliás ocorreram em todas as suas regiões, já que os Pelourinhos eram tidos por um símbolo da opressão do anterior regime que a custo foi derrubado pela força das armas. No entanto, este era simplesmente um marco que simbolizava a autonomia judicial dos concelhos.

 
Bom Dia Alentejo!